Desde o início da pandemia os estudos científicos apontaram a necessidade da adoção da combinação de medidas não-farmacológicas prolongadas, envolvendo distanciamento físico e social, como o uso de máscaras e higienização das mãos, com ações intermitentes de bloqueio (lockdown), com restrição da circulação e de todos os serviços não-essenciais. Estas medidas deveriam ser mantidas até que tivéssemos a vacinação da maior parte da população e tinham como objetivos a preservação da vida e não exceder as capacidades instaladas dos serviços de cuidados intensivos.
O Poder Executivo federal recusou-se, por determinação expressa do presidente da república, a assumir o seu papel de coordenador nacional do SUS e de responsável pela elaboração de um Plano Nacional. Deixou aos estados e municípios o papel de tentar conter a pandemia como pudessem, e durante todo o período da pandemia praticamente “jogou contra” estes entes federativos, criticando as medidas corretas que Estados e municípios tentavam adotar (ainda que impopulares) e induzindo a população a não insubordinação civil às normas de isolamento e distanciamento social.
De outro lado, quando agiu, agiu de forma equivocada: patrocinando a cloroquina e promovendo a desinformação; camuflando dados; desestimulando o uso de máscaras e o distanciamento social; indispondo-se frontalmente com parceiros estratégicos do Brasil, como China e Índia; deixando testes mofarem nos portos; recusando ofertas essenciais de vacinas, como a da Pfizer; entrando com cota mínima no consórcio Covax Facility.
No Estado de Minas Gerais foi implantado o plano Minas Consciente concebido para funcionar em fases ou ondas, na maioria das vezes com aplicações inócuas no municípios, considerando não haver aparato fiscalizatório e muito menos disposição dos poderes locais para indispor com o setor produtivo e levar às últimas consequências o cumprimento das ondas editadas em sucessivos Decretos.
Em 21 de março de 2021 o CONASS - Conselho Nacional de Secretários de Saúde - em carta a Nação, reafirmou as medidas de contenção do novo coronavírus. Sugeriu medidas de nível máximo nas regiões com ocupação de leitos acima de 85% e tendência de elevação no número de casos e óbitos. Sugeriu inclusive medidas de Bloqueio ou Lockdown, com restrição das atividades não essenciais por cerca de 14 dias, tempo mínimo necessário para redução significativa das taxas de transmissão e número de casos e redução das pressões sobre o sistema de saúde.
A carta do CONASS reafirma que para as medidas de bloqueio possam ser bem sucedidas, elas devem ser adotadas conjuntamente, demandando cerca de 14 dias para que produzam resultados na redução das taxas de transmissão em aproximadamente de 40%, exigindo o monitoramento diário para acompanhar seus impactos na redução de casos, taxas de ocupação de leitos hospitalares e óbitos
Em Ubá assistimos, em várias ocasiões, os seguidores do presidente da república organizarem manifestações em defesa das suas teses principais, com destaque para a propagação do Kit Ilusão; transformação de todas as atividades econômicas em serviços essenciais e a tese da imunidade de rebanho. No nosso momento de maior letalidade da pandemia o presidente do maior Sindicato do setor patronal propôs a aquisição de mais respiradores como medida suficiente para justificar a recusa do setor moveleiro em atender ao Decreto do Executivo que impunha parada próxima 14 dias, intercalados com os feriados da Páscoa, para todos, inclusive para a Indústria moveleira. A região de Saúde de Ubá desde o início da Pandemia entre março de 2020 e abril de 2021, praticamente triplicou a capacidade instalada de leitos UTI, o que não foi impeditivo para que nas 18 primeiras semanas de 2021, semente no município de Ubá, ocorresse 161 óbitos, tendo com a causa mortes a Covid 19. Um acréscimo de 191,6% se comparado com o ano anterior quando havia ocorrido 84 óbitos pela Covid 19.
Em 03 de janeiro de 2021 haviam 4.212 casos confirmados de Covid 19 ocorridos durante todo o ano de 2020 no município de Ubá. Já após as 18 primeiras semanas de 2021, entre 03/01 e 08 de maio de 2021 verificou-se um salto para 10.834 casos de Covid 19. Um acréscimo de 157,21% neste período quando foram diagnosticados 6.353 novos casos.
A Mortalidade por covid 19 teve acréscimo de 191,6% nas primeiras 18 semanas de 2021 se comparado com o ano anterior. Somente no município de Ubá, foram registrados 161 óbitos, no período pesquisado, tendo com a causa mortes a Covid 19. Durante todo o ano de 2020 foram registrados 84 óbitos pela Covid 19.
A taxa de ocupação de UTI permaneceu próxima ou acima de 75% de ocupação durante dois terços do período analisado. Esta estabilidade alta nas taxa de ocupação pode ser atribuída em maior proporção à ampliação de leitos de UTI executadas pelo plano de contingência do Estado de MG. Conforme citado acima, não houve adesão do conjunto da sociedade local às medidas de contenção de nível máximo propostas na carta do CONASS à Nação brasileira.
Leitos clínicos: da mesma forma quando houve crescimento na taxa de ocupação imediatamente o governo do Estado lançou mão das medidas previstas no Plano de Contingência e permitiu a ampliação dos de leitos clínicos.